Sobre postes, Supremo Tribunal e juízes de futebol

Postes são pejorativamente denominados os candidatos apoiados por Lula e que acabam vencendo as eleições que disputam. Dilma, nossa presidente teria sido um desses postes, Haddad, eleito prefeito de São Paulo outro. Na verdade os candidatos escolhidos por Lula não são exatamente postes, no caso da presidente Dilma e do futuro prefeito de São Paulo, são pessoas altamente qualificadas e capazes de exercerem os seus respectivos mandatos. O que temos que admitir, portanto, é a somatória de duas qualidades excepcionais em Lula: o seu poder de transferir votos e a sua sabedoria e intuição em escolher os melhores candidatos. A presidente Dilma foi Secretária do setor energético no Rio Grande do Sul, foi Ministra das Minas e Energia e Ministra Chefe da Casa Civil. Haddad é professor da Universidade de São Paulo e foi um dos melhores ministros da Educação que o país já teve. Não será de admirar que, assim como a presidente está fazendo um ótimo governo, Haddad também o faça para São Paulo, o que me leva a arriscar um palpite: a presidente Dilma terá um segundo mandado e depois Haddad deverá ser o candidato petista à presidência.

Sobre o Supremo Tribunal. Penso que o julgamento do que se convencionou chamar de “mensalão” foi realizado em hora inoportuna. Fica-me a impressão de que o Supremo gostaria de atingir as candidaturas petistas com o julgamento e condenação das pessoas envolvidas naquele processo e, assim, influenciar nas eleições. Referenda o meu julgamento o fato de o Supremo ter suspendido os trabalhos e adiado o restante do julgamento. Se isso que penso for verdadeiro, assistimos a um efeito que antigamente chamava-se de tiro pela culatra. O PT nunca elegeu tantos prefeitos em sua história e, inclusive, pela primeira vez, conquistou a prefeitura de São Paulo, pérola preciosa para a próxima campanha presidencial. Quanto ao resultado do julgamento, já se sabia que eram favas contadas. O PIG – Partido da Imprensa Golpista – já havia condenado os réus diante da opinião pública. A condenação de Dirceu e Genuíno levou a direita neofacista ao delírio, mas os brasileiros em geral não podem esquecer-se do importante papel desempenhado por eles no processo de resistência à ditadura militar e do trabalho que desempenharam na redemocratização brasileira. O que se espera agora do Supremo, no mínimo, é que julgue também os outros tantos “mensalões” existentes pelo Brasil afora, inclusive os do PSDB e do DEM com os mesmos pesos e as mesmas medidas. E que não se esqueça da operação Uragano, iniciada em Dourados e ainda inconclusa, ou já foi abortada?

Sobre juízes de futebol. Não sei exatamente se é mais difícil ser juiz de direito ou de futebol. Ambos devem basear-se em Leis, só que os de direito não precisam ter a mesma velocidade que devem ter os juízes de futebol. Fica mais fácil de acertar quando se é juiz de direito, mas ambos equivocam-se, os de futebol, com certeza com mais frequência. Erram muito, prejudicam demais alguns times e muitas vezes esses erros na verdade são casos de polícia. Falo sobre esse assunto no momento em que uma grandiosa polêmica põe em cheque a justiça desportiva. Na próxima quinta-feira, dia 8 de novembro o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva julgará recurso interposto pelo Palmeiras para anular o seu último jogo com o Internacional do Rio Grande do Sul devido a uma decisão da arbitragem em anular um gol palmeirense depois de tê-lo validado.

O caso é conhecido. O Palmeiras perdia por dois a um quando a bola foi cruzada na área do Internacional. Os jogadores de ambas as agremiações saltaram para cabecear a bola, os defensores, evidentemente, para afastá-la da área, os atacantes, por sua vez, para jogá-la para dentro do gol. Barcos o centro avante palmeirense foi um dos que saltou, mas desequilibrou-se devido a um empurrão que teria caracterizado pênalti. Tantos foram os participantes da jogada, inclusive Maurício Ramos, à frente de Barcos que os auxiliares e o juiz do jogo não viram que mesmo desequilibrado Barcos meteu a mão na bola e empurrou-a para dentro da rede. A arbitragem aponta o centro do campo, o auxiliar (bandeirinha) corre para o centro do campo, o árbitro que fica atrás do gol vira-se para a bandeira de escanteio, o narrador grita gol, mas os jogadores do Internacional cercam o árbitro. Conversa daqui, empurra dali, cinco minutos após o árbitro invalida o gol e depois de mais um minuto reinicia a partida.  

Não me parece que houvesse prova conclusiva de que José Dirceu fosse chefe de uma quadrilha, mas foi condenado. Não me parece também que os juízes da partida Inter e Palmeiras (26/10/2012) tenham visto a mão de Barcos na bola, mas o gol foi invalidado.

Alguns dirão que não é ético fazer gol com a mão, outros alegarão que a FIFA não permite influência externa na decisão do árbitro, coisa que qualquer menino de cinco anos sabe que houve. Como julgar? Que fazer?

Em 2005 o Corinthians foi campeão graças à anulação de vários jogos, depois que se descobriu a existência de uma verdadeira máfia na arbitragem. A situação é dificílima, mas em minha opinião o gol deveria ser validado. Ponto final, nem precisaria anular a partida, bastava que fosse declarado o empate. E não se trata de faltar com a Ética. Trata-se de obedecer a Lei, portanto, se não for essa a decisão, então teremos que recorrer às imagens da TV e corrigir todos os erros dos juízes ao longo do campeonato. Só o Palmeiras ganharia uns dez pontos com essa atitude.

Tenho as minhas dúvidas, mas com Andres Sanches dando as cartas na CBF e fazendo coro com Ronaldo e Casa Grande, afirmando que torcem pela queda do Palmeiras, acho que as coisas já estão mais ou menos definidas, assim como a eleição dos “postes”, a decisão do Supremo e a do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva.

 

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