No país do futebol, o desinteresse pela Copa

Começou na quinta-feira passada o maior evento futebolístico do Planeta Terra. A festa de abertura foi rápida e bonita. Os brasileiros ficamos sabendo um pouco mais sobre a Rússia, esse país continente, de suntuosas catedrais e palácios magníficos, com mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, divididos em 11 fusos horário.

O interesse dos russos pela Copa não parece ser maior daquele do que se verifica no Brasil, a não ser que a goleada sobre a Arábia Saudita [5 a 0] mude esse quadro.

Sem estrear, a seleção canarinho, não entusiasma. Segundo o Data Folha 53% dos brasileiros não estão interessados na Copa do Mundo.

Por que essa indiferença em relação à seleção brasileira, que se repete também em outros países?

Salvo melhor juízo, a única seleção participante da copa que congrega jogadores que atuam no próprio país é a da Inglaterra. A brasileira, tem apenas três convocados que atuam em times nacionais, todos reservas. Temos a mais estrangeira de todas as seleções. Isso não parece ser muito animador.

Pode ser que não nos sintamos representados por essa seleção estrangeira. Ao menos os brasileiros comuns, ao vermos os integrantes de nossa seleção descendo no campo de treinamento com seus helicópteros luminosos, viajando em avião luxuoso, especialmente fretado, hospedando-se em hotéis que têm até peixinhos em aquários especiais para massagear os pezinhos dos hóspedes, enseja tanta ostentação que, por certo, mexe com o nosso inconsciente e nos faz lembrar dos nossos craques do passado, gente parecida com a gente, mesmo sendo Garrincha, Pelé, Tostão, Rivelino,Jairzinho. Esses gênios do futebol e tantos outros de seu tempo não se deslumbraram, se alguns enriqueceram não ostentaram. Ao contrário, de 2002 para cá, e principalmente atualmente, o deslumbramento chega a ser ofensivo a um povo que trabalha com baixos salários, quando tem emprego.

Esses novos ricos, já não sabem mais o que ter. Iates, jatinhos, helicópteros, festas suntuosas, tornaram-se coisas corriqueiras, alguns até já montaram algum tipo de fundação, para ajudar crianças pobres. Pingos de água no oceano.

Ademais, o amor à seleção já não parece ser maior do que o que sentimos pelo nosso clube de coração. E não só no Brasil. Ainda nessa semana passada o técnico da seleção espanhola, uma das favoritas ao título mundial, embora tenha renovado o seu contrato com a Roja por dois anos, simplesmente desistiu e preferiu um contrato com o Real Madri. Lopetegui, o técnico, evidentemente não agradou a Federação de Futebol Espanhola e foi demitido, dois dias antes da estreia. Sem entrar na questão ética que envolve o caso, fica evidente que para ele é mais importante dirigir o Real do que ser campeão mundial.

E por falar em técnico, parece-me que nunca na história das Copas a seleção brasileira saiu tão prestigiada, elogiada, favorita, e com um técnico quase mágico, Tite está sendo endeusado pela mídia desportiva. Nosso técnico teria ressuscitado a seleção, embora não sejam poucos os que achamos que a derrota por 7 a 1 para a Alemanha tenha feito parte do golpe contra Dilma. Lembram-se do “não vai ter copa” e do “Dilma vai tomar...”? Alguma relação?

Particularmente gostaria que os analistas esportivos, ao invés de ficarem restritos à comparação entre 2014 e 2018, comparassem Tite com Vicente Feola que, em 1958, fazia com que o ponta Zagalo voltasse até o meio campo para ajudar na marcação. Qual o esquema de Aymoré Moreira em 1962? E Zagalo, em 1970, dirigiu a seleção no México apenas movido pelo ufanismo da ditadura [todos juntos, vamos, prá frente Brasil] ? E Parreira, em 1994, nos Estados Unidos? Ah! mas tem 2002. O Felipão de 2002 era melhor que Tite? E o que aconteceu com o mesmo Felipão em 2014? Tite pode ser um bom técnico, pode trazer a taça, mas não é deus.

Quanto à camisa amarela, não tem o que discutir. Foram utilizadas por brasileiros que acreditavam que Dilma era o problema e o seu impedimento faria do Brasil um país melhor. Em pouco tempo as camisas amarelas passaram a ser associadas ao golpe e encalharam. As ruas já não são enfeitadas com o verde e amarelo [algumas ruas brasileiras estão enfeitadas com bandeiras argentinas].

De qualquer forma vou assistir aos jogos do Brasil, ficarei feliz se vencermos, mas o ardor de tempos atrás era outro.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

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