Liberdade de express�o e a informa��o de qualidade

[Publicada em O Progresso, pela passagem de seus 80 anos]

Das sete constituições brasileiras apenas uma restringia a liberdade de expressão, a Imperial de 1824. Também somente uma oferece a possibilidade de os brasileiros se expressem livremente, a Constituição Cidadã, de 1988, com as ressalvas de não poderem ser manifestações anônimas e que não coincidam com outras anteriormente comunicadas. Comunicadas, pois não há necessidade de se pedir permissão às autoridades para a realização de atos públicos em defesa de ideias e ideais, basta comunica-las de modo que ofereçam segurança aos manifestantes. Todas as outras cinco Constituições declaram o direito de liberdade, mas sempre com algum obstáculo a exemplo da permissão de autoridades.

Recentemente, em outubro de 2018, o Supremo Tribunal Federal, em respeito ao artigo 5º da Constituição, determinou a proibição de ordens judiciais que permitissem a entrada de agentes públicos em universidades, suspendeu o recolhimento de documentos e proibiu a interrupção de aulas debates ou manifestações.

Parlamentares e jornalistas tem ainda algumas prerrogativas a mais pois as suas respectivas profissões lhes oferecem esse direito. Claro que não podem ultrapassar certos limites como fazer injúrias ou calúnias, cabendo nesses casos ações judiciais. Mas quanto à defesa de suas ideais ou manifestações contrárias as ideias de outrem, eles estão livres.

Em relação aos jornalistas, ao divulgarem determinadas notícias, cabe-lhes ainda o direito de manter em segredo a fonte que lhes repassou a informação. Nesse caso estamos falando de notícias e não propriamente liberdade de pensamento. Em meu modo de ver a notícia é algo que deve ser investigado, verificado se se trata de verdade ou simplesmente de uma fake News reproduzida até transformar-se em verdade. Penso também que via de regra a notícia, assim como uma moeda tem sempre duas faces.

Um jornalista não pode, não deve escolher apenas uma face da moeda. Se conceber como notícia o pronunciamento de um político que lhe agrade e ignorar a resposta de outro, não estará fazendo bom jornalismo. Agora, se noticiar os dois pronunciamentos e tomar o partido de um deles, então estará exercendo o seu direito de livre expressão.

Assim uma emissora de TV, os jornais e rádios, se optarem por uma única face da moeda, não estarão fazendo jornalismo de qualidade, apenas propaganda. E, da mesma forma que o jornalista, após mostrar as duas faces, então poderá, em seus editoriais, exercer a liberdade de expressarem as suas respectivas opiniões.

É bom lembrar que a imparcialidade é virtude remota. Todos temos tendências que nos influenciam e, mesmo imaginando que estejamos sendo justos e corretos, poderemos estar sendo levados por caminhos tortuosos. Assim, por exemplo, a fonte de um jornalista, pode estar prestando um grande serviço ou está apenas oferecendo uma opinião a respeito de algo. Por isso, particularmente, faço uma clara distinção entre notícia e liberdade de pensamento. O jornalista é, ou deveria ser um escravo da verdade, investigar antes de noticiar, tanto que antigamente era chamado de “testemunha ocular do fato”. Por outro lado, a sua liberdade de expressão ninguém pode contestar. Vai depender de o cidadão ter discernimento para formar opinião. Formar opinião não significa ouvir alguém martelando insistentemente em uma só tecla, mas ouvir versões diferentes e concluir por si.

Em relação ao jornal “O Progresso”, que agora está comemorando aniversário, eu o visitei pela primeira vez em 1974, quando conheci o senhor Wlademiro do Amaral, então seu diretor. Fui pedir para que anunciasse a estreia do Teatro Universitário de Dourados em 20 de dezembro de 1974. Fui atendido. Depois conheci toda a família e dezenas de jornalistas que por lá passaram, cada qual com seus dons e características.

Atualmente deixou de ser um jornal impresso, mas tem as suas vantagens, por exemplo, foi totalmente digitalizado em cooperação com o Centro de Documentação Regional da UFGD e está à disposição de pesquisadores e demais interessados em fazer dele um instrumento para a compreensão da história de Dourados.

Parabéns e vida longa.

Cartier Replica Watches Cheap Cartier Replica Cheap Rolex Replica Rolex Replica Watches Cheap Breitling Replica Breitling Replica Watches

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br