"Fora Lula, dizia o adesivo da caminhonete último tipo que insistia em seguir à minha frente. Ah! pensei, quase que em voz alta: esse motorista deve ser um dentre os tantos que em tempos atrás afixou em seu carro um baita adesivo em verde e amarelo com o nome de Collor de Melo.
Àquela época, é certo, o PT já não fazia sabão de velho, mas Lula tinha um aparelho de som melhor que o de Collor. Este era o grande caçador, o caçador de marajás, o homem no qual a elite dominante apostou as suas fichas, e perdeu.
Depois de cassado e cumprido o mandato de Itamar Franco, Lula disputou com FHC e o ex-ministro de Itamar, posto no cargo especialmente para implantar o Plano Real, bateu o operário. Foi a vitória do doutor sobre o analfabeto, o inculto. Mais uma vez a elite dominante investiu errado e o nosso patrimônio público foi entregue vergonhosamente à voracidade do capital internacional e o fiel escudeiro de FHC, Sérgio Motta, arrecadador oficial da campanha e comprador oficial de deputados na Emenda da Reeleição virou nome de hidrelétrica.
Novamente, após os primeiros quatro anos de FHC, Lula foi para a disputa e não deu sequer segundo turno. O Brasil, coitado, combalido, viu a taxa de juros bater nos 29%, o dólar ultrapassar quatro reais e o risco país ultrapassar os mil e setecentos pontos.
Aí Lula competiu com Serra. Cansado de apanhar mudou o discurso radical, optou pelas mudanças gradativas e ganhou as eleições presidenciais. Finalmente Lula chegou ao poder, seu discurso moderado conquistou o povo.
Mas veja, o caro leitor, a confusão que se formou não propriamente em relação à eleição de Lula, mas em relação ao desempenho de seu governo. Aqueles 30% que votaram em Lula em suas quatro candidaturas manifestam insatisfação porque não acreditaram na flexibilização do discurso, gostariam que as transformações fossem muito mais profundas, especialmente no planto econômico. E aqueles que votaram em Lula, justamente pela mudança de seu discurso, manifestam também alguma insatisfação, não pela condução da economia, mas pela crise política que há mais de cem dias permanece como prato principal das nossas preocupações.
Em relação a essa crise é necessário (re)colocar alguns pontos em seus devidos lugares: 1. a crise política atual está longe de ser a maior crise política do Brasil, como tem sido anunciado por boa parte da imprensa;
2. esse escândalo envolvendo corrupção, embora grandioso, está também longe de ser o maior do Brasil. Não se esqueça o caro leitor que na era Collor e na era FHC falava-se em sobras de campanha e que em um só negócio de Maluf o estado foi desfalcado em 390 kg. de ouro, o equivalente a Cr$ 13 500 000, 00;
3. Nenhum outro escândalo nacional condenou alguém sem provas substanciais, portanto temos que permitir o legítimo direito das pessoas se defenderem e, se houver culpados, como de fato tudo indique que haja, que sejam punidos segundo os rigores da Lei;
4. Nunca em um processo com mais de cem dias se deixou de apontar culpados e nesse caso o presidente Lula não foi nem de longe arranhado pelo escândalo embora a oposição já esteja prevendo o seu impedimento dentro de quatro meses (palavras do dep. Gabeira na sabatina da Folha de São Paulo de 19 pp);
5. Por essas declarações do deputado Gabeira e por outras iniciativas, como a eleição de Severino pelo PSDB e PFL e por sua posterior derrubada do poder, comprova-se que há uma orquestração da elite política brasileira (elitizinha segundo Severino) para a desestabilização do governo Lula.
É indisfarçável o ódio conjugado com a satisfação da direita em destruir Lula e o PT. No entanto, mesmo no olho do furação o PT realiza eleições diretas e democráticas para a escolha de seus dirigentes e o presidente Lula resiste incólume à tormenta.
O ódio não pode vencer a esperança. As velhas e carcomidas elites não podem recuperar o poder que usaram tão mal quando nele estiveram.
Deixemos claro: se alguém do PT errou, corrompeu, deturpou os ideais petistas, esses têm que ser punidos severamente, como ademais devem ser punidos os integrantes de outros partidos que agiram ou agem de forma irregular. Por outro lado, convenhamos, não dá para assistirmos calados aos ACM(s), Bonrhauser(s), Álvaros, Ibrains (não é o das esmeraldas?) Jeffersons e a elite à qual pertencem ou representam atirando pedras com tanta desfaçatez.
A apuração de escândalos é sempre bem vinda e ajudará o Brasil a ser um país melhor, mas a onda de agressões contra Lula e contra o PT deve ser redimensionada porque não dá para aceitar que acusações orais, muitas vezes vindas de detentos que desejam aliviar sua pena, sejam acolhidas como provas irrefutáveis enquanto que as provas contra Eduardo Azeredo do PSDB, por exemplo, não sejam sequer investigadas.
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
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