O vôo do urubu: Esse pássaro de grande porte, sobrevoa os prados, bosques e até cidades, atinge uma altura considerável e plana vagarosamente. Uma pessoa que não tenha preconceitos em relação aos urubus diria que o seu vôo é elegante, e muito mais bonito se comparado aos de alguns outros pássaros, como as codonas, seriemas e perdizes, por exemplo. Mas, o diabo é que mesmo podendo ver toda a beleza da Terra abaixo de suas asas, os urubus somente enxergam a carniça, por menor que seja.
Beija-flor: Em relação aos beija-flores não temos preconceitos. Nós o olhamos até mesmo com ternura. Pequenos, coloridos e até cintilantes, eles alegram os nossos olhos e seus vôos nos impressionam pela velocidade no bater das asas e precisão na hora de alimentarem-se do néctar dos flores. Planam também e até são capazes de uma marcha à ré. São insensíveis à carniça, ao contrário, somente relacionam-se com as flores.
A onça e o leão: Esses animais, mamíferos, embora não tenham asas para voar, são dotados de músculos vigorosos que lhes permite corridas longas e velozes. Jamais seriam capazes de ver alguma beleza nas listras de uma zebra ou no colorido de uma pequena girafa. Enxergam nos outros animais apenas e tão somente a fonte de sua alimentação.
Os animais vegetarianos: Não obstante a existência de um bom número de carnívoros, a maioria dos animais é vegetariana. Vivem dos frutos, das folhas e das gramíneas que vicejam nos campos e bosques. Mesmo temendo os animais carnívoros, mesmo tendo o instinto de que eles são seus inimigos, não enxergam neles posibilidades de revanche, não conseguem alimentarem-se deles, mesmo que as oportunidades lhes surgissem.
Os peixes: Assim como os que vivem na terra ou no ar, os animais que habitam as águas também têm as suas preferências alimentares. Embora parece não haver exceção ao gosto por uma suculenta minhoca a verdade é que alguns peixes não se interesam tanto pela carne quanto outros, a exemplo do peixe dourado ou a piranha.
O bicho homem: Assim como todos os demais animais a nossa espécie também se divide entre os que apreciam um bom assado e os vegetarinos. Mas a nós não bastam esses alimentos porque não somos movidos apenas pelos nossos instintos. Nós, o bicho homem, nos alimentamos também de coisas imateriais, como o amor, o ódio, a ternura, a raiva. Enfim, cada qual segundo a sua formação. Mas, comum a todos com certeza, é o alimento da esperança. Esse sentimento é unanimidade entre os humanos, não há quem não tenha se alimentado de um fio de esperança por alguma coisa nessa vida.
A esperança: Escrevi no livro Edificando a nossa Cidade Educadora uma frase que transcrevo aqui: Se todas as luzes se apagarem à frente de seus olhos, vire-se para os lados e encontrará em algum canto ao menos uma chama acessa. É a esperança. Alimente-a e ela lhe acenderá novamente todas as outras luzes.
Bicho é bicho: O urso fez um acordo com o lobo. Nem sei ao certo o que combinaram, mas o urso exigiu que o lobo escrevesse aquilo que havia prometido. Eita falta de confiança que existe entre os bichos. O lobo, para não passar por analfabeto, recusava-se a dizer que não sabia escrever. Ficava apenas insistindo que bastava um fio de pelo de cada um para selarem o acordo. Melou.
A raposa e o coelho: a exemplo do acordo entre o lobo e o urso, o coelho e a raposa também fizeram um pacto. E o coelho insistia em que a raposa assinasse um documento, pois sabia que ela tinha a fama de ser muito esperta e que, por via de consequência poderia enganá-lo. A raposa não teve dúvidas, aproximou-se se uma região arenosa, traçou com a patinha direita vários riscos no chão e disse ao coelho: eis aí, tudo escrito como você deseja. O coelho, que sabia falar, mas não sabia ler e não queria demonstrar, olhou para aquilo e deu-se por satisfeito. Foi, evidentemente, duplamente logrado, em primeiro lugar porque nada estava escrito e, em segundo, porque a primeira chuva apagou todos os rabiscos da raposa.
Esopo: a esse grego legendário foi atribuída a autoria de várias fábulas de cunho moral e alegórico que tinham como personagens principais os animais. Com suas fábulas Esopo procurava mostrar como os seres humanos deveriam agir tanto para o bem quanto para o mal. Quem não conhece as fábulas da cigarra e da formiga, da galinha dos ovos de ouro, do boi e do sapo e por aí afora?
Documentos escritos: Os documentos escritos foram inventados para que as pessoas se lembrem daquilo que firmaram, mesmo decorrido muito tempo. Foram inventados para em caso de falecimento de uma das partes, os herdadeiros saberem o que foi tratado. Nem me passa pela cabeça que os documentos escritos tenham sido inventados por desconfiança uns dos outros. Imagine?
Hilário e irônico: dia desses um amigo escreveu um e-mail dizendo-me que eu estava a cada dia mais hilário e irônico. Tomei hilário como sinônimo de alegre e irônico como sinônimo de zombeteiro. Horas bolas, vamos botar um sorrisso nos lábios porque cara feia não paga conta e nem tapa os buracos de nossa cidade.
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.