Wilson Valentim Biasotto *
6.10.98
Disse, na parte I dessas considerações sobre as eleições 98, que Dourados votou massivamente na esquerda tanto pela qualidade intrínseca de seus candidatos como também porque os douradenses cansaram-se do tratamento que o município vem recebendo dos governantes, que lhes dão quanto muito as figuras decorativas de um vice.
Hoje desejo abordar algumas questões que em nada, absolutamente, dignificam a democracia.
A primeira delas refere-se a compra de votos. É escandalosa a soma que alguns candidatos gastam para tentarem a eleição. Cito um fato menor. É de conhecimento público que nas vésperas de eleições, boa parte da população de alguns bairros pobres da cidade fazem serão nas calçadas, esperando pelos compradores de votos, através das cestas básicas. É uma festa! Se isso é notório, não bastaria que a polícia ficasse alerta?
A segunda questão refere-se ao comportamento da imprensa. É lastimável que a mídia tenha se posicionado tão escancaradamente em favor da manutenção do status quo, especialmente em favor da reeleição de FHC. A grande imprensa, especialmente a televisada, contribuiu para minimizar os efeitos da crise, jogou a culpa no exterior, encobriu as mazelas do plano real, enfim, deixou de fazer um jornalismo crítico e investigativo, para deixar-se, no mínimo, seduzir pelo canto dessa sereia da globalização neoliberal.
Outra questão que não contribuiu em nada para com a democracia foi a participação dos institutos de pesquisa nessas eleições. Esses institutos “erraram” de forma grotesca. Erraram? Quem conhece do assunto sabe que uma pesquisa bem feita não apresenta margem de erro superior a três pontos percentuais. Que houve então? Mudanças de comportamento dos entrevistados? Aparecimento de dados novos imperceptíveis ainda pelas metodologias utilizadas?
O estranho dessa questão é que em nenhum estado da federação, em nenhum momento, esses institutos “erraram” em benefício da esquerda. Aliás, a esquerda sempre foi a grande prejudicada, haja vista os exemplos de Mato Grosso do Sul, onde Zeca sempre apareceu em terceiro (exceto uma pesquisa do Jornal O Progresso, específica para Dourados), Brasília, Rio Grande do Sul e, principalmente em São Paulo, onde Marta Suplicy foi a mais prejudicada. Colocada sempre em quarto lugar a militância de Marta arrefeceu os ânimos e milhares de eleitores procuraram o voto útil contra Maluf.
Não basta que esses institutos estejam desmoralizados diante da opinião pública, é preciso que sejam processados e punidos por terem induzido os eleitores a votarem em candidatos fabricados.
Finalmente, é preciso denunciar, para o bem estar da democracia, que a atitude do Ministro Ilmar Galvão, favorável à (re)eleição de FHC, não engrandeceu em absolutamente nada a Justiça Eleitoral. Se a Justiça é cega, é necessário que seja também muda, não imiscuindo-se na política partidária, sob pena de perder a sua elevada credibilidade.
É preciso mudar esse estado de coisas!
O autor é doutor em História Social
pela USP e diretor do CEUD/UFMS
A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.
VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.